Colaboradores promotores

Anteriormente falamos da formação do núcleo duro da cultura organizacional. Dos valores e da cultura que desde a formação da empresa é impressa pelos fundadores.

Quero abrir um espaço hoje para falar do cuidado com os colaboradores. Eles possuem papel fundamental na disseminação, no envolvimento e colaboram diretamente para que esses valores sejam percebidos pelos clientes no contato direto. Cumprem assim uma tarefa fundamental na própria construção de uma marca. Chega a ser dissonante uma empresa que prega uma coisa e na prática, na hora da verdade, o cliente encontra outra.

Uma empresa pode possuir crenças, valores, missão, visão, altamente inspiradoras, porém vão ser meras literaturas de parede, quando não são incorporadas pelos seus colaboradores. Por este motivo é importante que sejam vivenciadas, transmitidas e estejam efetivamente presentes na atitude, nos exemplos, no jeito de ser, aquilo que podemos chamar como o “Jeitão da empresa”. Esse jeito de ser está presente na forma de agir, na forma como as decisões são tomadas, no vocabulário do dia a dia e até na forma de vestir-se.

O modelo mais uma vez vem das atitudes e exemplos das lideranças, mas somente aceito, consumido e defendido pelos liderados, se possuir autenticidade.

O melhor de tudo é que isto é um processo natural, que pode ser auxiliado e ganha força por ferramentas de endomarketing, na forma da empresa comunicar isso aos colaboradores.

As histórias da empresa, da forma que foi constituída, os desafios enfrentados e os valores institucionais que ajudaram a superar ou torna-la melhor, podem e devem ser difundidas com orgulho. Contar estas histórias e valorizar a cultura é muito importante, gera agentes ativos de um engajamento que contagia. A Disney é um exemplo bem vivo ao introduzir seus novos “Atores”que passam a fazer parte do “Elenco”, como chamam seus colaboradores.

Que tal utilizar storytelling no dia a dia da sua empresa, ajudando a criar melhor conhecimento da cultura da companhia? Fazendo entender melhor a missão e mais fácil o alcance da visão, que vai ser compartilhada? Criar mais engajamento para as causas, mesmo nos maiores desafios? Criar nos colaboradores um sentido maior para as atividades que executam todos os dias?

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O núcleo duro da cultura organizacional

Cultura do ponto de vista da sociologia e segundo o dicionário Houaiss, seria definida como o conjunto das estruturas sociais, religiosas – das manifestações intelectuais, artísticas etc – que caracteriza uma sociedade, o conjunto dos conhecimentos adquiridos; a instrução, o saber. Cultura seria então o que diferenciaria uma sociedade em seus costumes, em sua arte, sua forma de viver, suas crenças, religião, valores, música, esporte, moral, costumes. Penso que é uma coisa tão particular de uma sociedade, que brota debaixo para cima em quem nasce e vive nesta sociedade. Já imaginou o contrário? Uma decisão vinda de cima para baixo de que agora o esporte nacional seria o basebol por exemplo? Seria possível substituir tão fácil o futebol dos nossos corações e mentes?

A cultura organizacional vem dos fundadores da empresa, daqueles que a idealizaram e imprimiram suas crenças e valores desde o início das operações. Então é algo que foi construído de cima para baixo. Seria possível então ser chamada realmente de cultura? E quem perpetua esta cultura? Existem empresas que propagam esses valores e seguem em frente vitoriosas, mesmo sem seus fundadores. Ouvi muito em lojas do Walmart coisas como: Sam (Walton) fazia assim, ou faria assado… É como se Sam estivesse aqui… E a figura emblemática de Steve Jobs, quem apostava numa empresa que continuaria inovadora e agregando seguidores, isso mesmo, seguidores, mais do que clientes?

A verdade é que empreendedores, líderes por excelência conseguem agregar pessoas ao seu sonho, formando um núcleo duro da cultura que vai sendo ampliado mais e mais pelas pessoas que juntas passam a viver juntas este sonho através do chamado engajamento. Essa mesma é a palavra, o engajado é aquele que faz pelo envolvimento, pela causa, muito mais do que por qualquer outro valor. Engajamento, leva a mais engajamento, este é um dos componentes que perpetuam a cultura organizacional.

O engajamento é algo tão forte, que pode até ser difícil de ser trabalhado em fusões, aquisições, ou alianças estratégicas com ex-concorrentes. Mas isso já é para um próximo bate papo.

Um ótimo final de semana a todos.

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PEQUENOS PERDEM MAIS COM PRODUTOS VENCIDOS E FURTOS

Amigos, lendo a matéria abaixo, fiquei muito preocupado com a afirmação do Sr. Nuno Fouto, do Provar do Provar. Tenho mais de 25 anos de varejo, já passei por empresas de grande porte regionais e multinacionais e desconheço prática de desligar refrigeração durante a noite. Equivocado, sujeito a perdas e até coloca a credibilidade da segurança alimentar do nosso setor em cheque. Vale o registro.

Clipping ESPM Núcleo de Estudos de Varejo disponível em: http://varejo.espm.br/9841/pequenos-perdem-mais-com-produtos-vencidos-e-furtos?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+espm%2FeZhx+%28Núcleo+de+Estudos+do+Varejo+-+ESPM%29

 janeiro 20th, 2014  Renata de Oliveira

 Durante o verão, as perdas no varejo relacionadas a produtos perecíveis, como frutas, verduras e carnes, são ainda maiores. O vencimento de produtos é, geralmente, o grande problema que afeta o desempenho dos lojistas.

“A preocupação com a temperatura é relativamente recente. Há pouco tempo, até mesmo grandes empresas desligavam a refrigeração à noite”, diz o pesquisador Nuno Fouto, do Provar (Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração).

Diferentes fatores levam a perdas: desde furtos até produtos que perdem o prazo de validade ou são mal manuseados e estragam.

As pequenas e médias empresas demoraram mais para ter políticas para combater as perdas e, por isso, esse é, hoje, um problema maior para varejistas desse porte.

É o que aponta pesquisa recente feita pelo Provar, que indica que os pequenos supermercados perdem 6,7% do faturamento por problemas com produtos. No grande varejo, esse índice é de 1,95%.

Esses são dados relativos a 2012 e divulgados no fim do ano passado. Foi a primeira vez que pequenas lojas foram incluídas no levantamento.

Segundo Fouto, esse número não destoa da média histórica para grandes empresas, de cerca de 2%. Trata-se de porcentagem similar à média internacional.

Anderson Ozawa, 35, é dono da consultoria Aozawa, especialista em prevenção de perdas para pequenos comerciantes. Segundo ele, os comerciantes menores controlam menos seus produtos e processos.

Outro problema é a rotatividade da mão de obra. “Os grandes varejistas já têm um turnover’ muito alto e os pequenos têm um ainda maior.”

Quanto mais inexperientes os funcionários, menos aderência a processos eles têm (por exemplo, checar a temperatura dos produtos que o fornecedor entrega).

OS VILÕES

A rede de supermercados Violeta, com quatro unidades em São Paulo, tem um índice de perdas em torno de 4%, diz o diretor comercial José Eduardo de Carvalho.

“Não tem um vilão só. Há problemas operacionais com operadores de caixa que não passam o produto certo no caixa, recebimento de produto avariado que o funcionário não percebe etc.”

No mercado de vestuário, os pequenos varejistas perdem 1,5% do faturamento por problemas como o furto de produtos.

Fabiana Mota, 40, é gerente da loja de roupas Hirondelle, onde, diz, não houve problemas com furtos.

Mas, ao longo de 25 anos de carreira, ela já se deparou com situações delicadas, como clientes que entram no provador com muitas peças e saem de lá com algumas escondidas.

“Não posso abordar [o consumidor] e dizer: O que você tem aí?’. É uma situação delicada”, diz a gerente.

Luis Fernando Sambugaro, diretor da empresa Gunebo, que atua em prevenção a perdas, diz que tem prestado mais serviços para comércios de pequeno porte de dois anos para cá, o que indica que os empreendedores estão mais preocupados com o assunto.

Ele afirma que, para prevenir furtos, é preciso levar em conta o tamanho da loja, a quantidade de produtos e a abertura da porta.

É necessário colocar na entrada do estabelecimento etiquetas que acionam alarmes ao passar por sensores. Esses equipamentos custam a partir de R$ 150, afirma o empresário.

 

(Fonte: Folha) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios

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Os maiores varejistas do mundo – Ranking 2012

Foi divulgado pela Deloitte, empresa mundial de consultoria, auditoria, que realiza anualmente este trabalho, o ranking dos 150 maiores varejistas do mundo. Na relação apenas duas empresas nacionais, o Pão de Açúcar em 34º e as Lojas Americanas em 153º, embora o Pão de Açucar já esteja sob controle da Francesa Casino.

Voltaremos ao tema aqui no Blog, porém ressalta-se que o varejo apresentou crescimento para estas empresas mesmo com a crise internacional. Esse crescimento se deve basicamente a forte atuação destas empresas em mercados emergentes na África, Oriente Médio, América Latina e Ásia. Nestas horas podemos pensar em algumas coisas:

Nunca deixa de ser verdade de que não se deve colocar todos os ovos numa mesma cestinha.

Nosso talento no varejo, ainda não tem expandido ou ganho novas fronteiras , nosso empreendedorismo ainda é restritamente local.

Posição Empresa Receitas (bilhões US$) – Varejo Receitas (bilhões US$) total do   grupo Países atuação Origem
Walmart 446,95 446,95 28 EUA
Carrefour 113,197 115,277 33 França
Tesco 101,574 103,244 13 Reino Unido
Metro 92,905 92,905 33 Alemanha
The Kroger 90,374 90,374 1 EUA
Costco 88,915 88,915 9 EUA
Schwarz 87,841 87,841 26 Alemanha
Aldi Einkauf 73,375 73,375 17 Alemanha
Walgreen 72,184 72,184 2 EUA
10º The Home Depot 70,395 70,395 5 EUA
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O auto atendimento – Alternativa para resgatar o bom atendimento.

O Super Muffato implantou no final de novembro do ano passado o serviço de autocaixa, conforme foi batizado pelo grupo. A iniciativa com um investimento de R$ 500 mil, não é uma novidade, já que o auto-serviço é a principal característica dos supermercados desde a sua criação, o fato do caixa ser “auto-operado” pelo consumidor não é novidade no Brasil também, uma vez que o Pão de Açúcar já tinha experimentado em suas chamadas “lojas conceito”.

Novidade porém,  digna de respeito é tratar-se da primeira vez que o instrumento é levado a sério, trazendo a tecnologia para proporcionar um atendimento digno, que facilita a vida dos clientes e trazido por quem tem real interesse em fazer funcionar, não apenas conceitualmente.

A rede consultou sindicatos, explicou que estava gerando empregos, uma vez que a operação demanda orientadores e torna mais cômoda a experiência de compra dos clientes.

Eu experimentei o processo e levei menos de 3 minutos para registrar as minhas compras sem nenhuma dificuldade.

Já havia visto e experimentado este processo em lojas da Europa, onde são muito comuns.  Fiquei muito feliz ao vê-lo implantado no Brasil. Temos um varejo moderno, desenvolvido tecnologicamente e tínhamos carência em poder atender melhor nossos clientes, por fatores que vão do chamado apagão de mão de obra, passam por qualificação e até pela concentração de clientes em poucos dias de compra, que levam a lojas ociosas em alguns dias e estouram nos finais de semana.

Um único senão, por enquanto, é o mercado de equipamentos e softwares que ainda está muito concentrado e corre-se o sério risco de ficar dependente dos custos e condições de poucos fabricantes, além  do custo de adequação ao formato brasileiro. O Muffato levou dois anos para desenvolver o processo conforme informou a imprensa. Mas com a disseminação e o sucesso que vejo para este processo, levará a mais opções em muito breve.

Vale a iniciativa e gostaria de deixar registrado os parabéns a empresa.

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Revista Supermix – Qual a sua avaliação entre o que foi dito da economia em 2012 e o que aconteceu?

Mauricio Bendixen – Havia uma expectativa de retomada de crescimento e redução de inflação que não ocorreram.  Quando analisamos a economia brasileira num período mais longo, fica evidente a queda prolongada, o crescimento do PIB de 2010 foi de 7,5%, em 2011 ficou em 2,7% e temos previsões de fechar próximos a 1,5% neste ano de 2012, portanto estamos em queda livre a três anos. Paralelo a isso a taxa de inflação mantem-se teimosamente em 5,5% neste ano, 6,8% no mês ano passado e 5,9% em 2010. Fica claro que não avançamos no controle da inflação e que ela mais solta também não gerou crescimento. Foram esboçadas reformas, desonerações de folha de pagamento e impostos, investimentos pelo PAC, pelas obras, cortes de juros, mas nada disso foi possível de levar a um crescimento mais robusto. O modelo de incentivar o consumo para gerar crescimento parecer ter perdido força. Diria ainda que gerou inadimplência e já não agrega valor. Na verdade nossa economia vem num processo de manutenção a pelo menos 10 anos sem grandes mudanças estruturais e isso se ressente no desempenho.  No cenário internacional tivemos os Estados Unidos com algumas notícias boas de crescimento de emprego, embora ainda modestas. A Europa o medo do impacto da dívida da Grécia, da Espanha, a garantia de apoio para manutenção do Euro, porém um cenário também de crise insolúvel no curto prazo. Desaceleração sentida na Índia e China.

Revista Supermix – Qual a perspectiva da economia para 2013?

Mauricio Bendixen – A princípio mantida a atual postura, não podemos esperar nada de novo no cenário econômico nacional. O modelo do crescimento via consumo parece ter se esgotado. Esse modelo que já gerou euforia, crescimento de renda, migração de classes, fortaleceu a classe média, parece não mostrar-se sustentável como motor da economia. Precisamos verdadeiramente de reformas tributárias, desonerações que atinjam os setores realmente produtivos da economia. Em nosso país temos o corporativismo da indústria muito forte e tudo se resume a reduzir impostos para poucos e que não tem refletido no impulso que precisamos, vejam só corta-se IPI e falta carros, isso leva a resultados consistentes e sustentáveis?  Uma medida séria que atingisse o comércio e a agroindústria que geram muito mais emprego e renda para o país seria muito mais produtivo. Temos que entender que o Brasil ainda é a fazenda e não a indústria do mundo. Nossos pesados encargos, a falta de capacitação não vai nos tornar competitivos apenas com controle no câmbio, subsídios e redução de impostos. Sem falar na falta de bom senso, onde tirar destes setores vai implicar em onerar mais para outros setores da economia ou a conta não fecha. Defendo que a reforma deveria ser mais ampla e atingir os setores que mais empregam e que tem resposta mais rápida. Imagine esses incentivos no varejo um setor supercompetitivo e dos que mais geram empregos. Haveria redução de preços pela competição, com isso a inflação retrocederia menos impostos, mais crescimento e mais empregos. Na agricultura não seria diferente, mais produtividade, mais investimentos, menos custos e maior margem na venda das commodities.  Fica, no entanto a perspectiva de um cenário igual ou mais do mesmo para 2013. O governo negocia redução no preço da energia, porém com dificuldades de negociações com as operadoras. Continua na queda de braço com os bancos pela queda de juros, porém essa queda também não refletiu em aumento de consumo pelo menos por enquanto. Vai continuar manipulando o dólar para manter acima dos dois reais. A Selic poderá, segundo especialistas, voltar a 8,5% caso não haja retrocesso na inflação, que ainda poderá ganhar folego um aumento de combustíveis necessária a Petrobras e o fim do incentivo do IPI. Lá fora não esperamos grandes novidades, deveremos ter avanços e recuos nos Estados Unidos, estagnação na Europa, o modelo chinês continua perdendo fôlego. Paul Krugman, Nobel de economia tem reforçado que passamos por um período de incerteza muito grande, de difícil resolução em curto prazo.

Revista Supermix – Como avaliar o momento certo para investimentos neste ano?

Mauricio Bendixen – O varejo supermercadista tem crescido acima da média do mercado, em 2010 foi de 4,18% em 2011 3,71% e 2012 projeta 5,18% este ano pelo índice da Abras já descontada a inflação, na verdade a força de crescimento do nosso setor historicamente se mantém acima do PIB a mais de uma década, mesmo durante a fase mais aguda da crise de 2008 o varejo supermercadista cresceu 9%. As empresas maiores tem patinado em suas estratégias. O Pão de Açúcar foi o único a crescer no último ranking.  O Carrefour tem tido fraco desempenho, perdeu vendas com a separação das lojas do Dia e só a bandeira do Atacadão tem tido motivos para comemorar, o Walmart em busca de tentar mudar o conceito de compra dos consumidores brasileiros já admite que a velocidade desse processo deixa a desejar e que não será uma tarefa tão fácil. Os regionais, por serem mais rápidos, estarem mais próximos dos clientes e terem investido forte em tecnologia, tem crescido acima da média e batido os gigantes. O desempenho das redes regionais está muito acima do que os gigantes tem feito em qualquer indicador que possamos escolher. Acreditamos que os investimentos estarão mais concentrados em lojas que já estão em andamento e que inauguram no começo do próximo ano, assim como lojas novas para o segundo semestre. Londrina e Maringá serão palco de forte competição pelas regionais, novos investimentos nesta região merecem um estudo ainda mais aprofundado sobre o mercado, potencial de crescimento e expectativas de retorno.

Revista Supermix – De que forma este cenário irá impactar o setor supermercadista?

Mauricio Bendixen – Penso que nas cidades maiores do estado a competição vai ser mais forte ainda já que a conquista de mercado vai implicar em derrubar margens, reduzir custos e impactar ao rentabilidade das empresas. Esse cenário é o mais provável de praças como Curitiba, Londrina e Maringá. Existem empreendimentos de grande porte e que vão levar o mercado a buscar uma nova divisão de clientes. A população não aumenta em curto espaço de tempo na mesma proporção que cresceu a oferta de metros de área de vendas, por isso naturalmente haverá uma batalha acirrada até que se acomode novamente. Formato de loja tem sido decisivo também. O hiper caiu em vendas no Brasil 6,6%%, o super cresce no ritmo do mercado e o formato “atacarejo” parece ter se beneficiado da queda dos hipermercados, com seu modelo de baixo custo operacional e altas vendas por metro quadrado.

Revista Supermix – Como deve se comportar a situação de crédito e de que forma o varejista de pequeno, médio e grande pode tirar proveito deste cenário?

Mauricio Bendixen – O crédito sempre foi muito caro no Brasil, o varejista aprendeu a trabalhar sem ele. Nos momentos de crise aprendemos a administrar melhor nosso fluxo de caixa e buscar não se endividar. Mesmo com juros mais baixos banco ainda dá medo no supermercadista, ainda mais diante desta incerteza toda. Vale lembrar que o uso de recursos de bancos de fomento para novas lojas tem sido mais procurados nos últimos anos e essas linhas de crédito tem sido bem utilizadas. Esses recursos tem sido utilizados por empresas mais bem estruturadas e de maior porte. Não acredito que seja privilégio das maiores e sim falta de conhecimento ou de preparação adequada de planos de negócio para a busca destas linhas de financiamento pelas empresas de menor porte.

Revista Supermix – Quais os tipos de mercadorias de destaque para o consumo diante do que se espera para 2013?

Mauricio Bendixen – Acredito que ainda haja folego no segmento dos bens duráveis pela reposição e pela evolução tecnológica que torna obsoletos mais rapidamente estes produtos. As tendências do aumento de renda da nova classe C e B, a participação da mulher no mercado de trabalho e nosso ritmo de vida ainda vai dar impulso nas áreas de higiene e beleza, congelados, refeições prontas assim como a saudabilidade, melhor qualidade, alimentação fora de casa, e tudo o mais que já está valendo a algum tempo.

Revista Supermix – De que forma o contexto econômico impacta o consumo das diferentes classes sociais?

Mauricio Bendixen – Essa migração pelo aumento da renda e crédito tem levado a experimentar novos produtos, que por sua vez está gerando novos hábitos que vão se incorporando na rotina de consumo. Temos ainda a melhoria das lojas em sortimento, mix, formatos que tem tornado acessível por ofertas e promoções. Resumindo: Mais acesso a produtos de qualidade, que não eram conhecidos, tornar o que antes era luxo em acessível e incorporado. Já foi assim com o frango, com o iogurte, com os celulares, com as tvs de LED, com os automóveis, como podemos perceber até mesmo nosso consumo tem ganhos de escala de valor. Se nos anos 80 o plano cruzado levou o frango a todas as mesas e o real revolucionou o consumo pelo iogurte, recentemente bacalhau, massa de grano duro e azeite que eram artigos de luxo, assim como TVs de LED, smartphones, tornaram-se  muito  mais acessíveis.

Revista Supermix – O que pode acontecer para “piorar” ou “melhorar” as projeções para este ano?

Mauricio Bendixen – Para melhorar, se realmente houver uma mudança de verdade na economia para gerar um crescimento real e sustentável seja pela tributação, desoneração ou investimentos públicos ou privados. Toda esta situação é bem pouco provável. O governo ainda tem receio de mudar a política fiscal ou monetária. Tem preconceito em utilizar recursos privados por formação e é ineficiente para gerar crescimento por investimento público. Para piorar se houver agravamento na crise externa, hoje já não temos mais folego no mercado interno e nossas exportações tirando o agronegócio, beneficiado por fatores climáticos lá fora tem deixado a desejar.

Revista Supermix – A economia é um tema complexo. Qual a sua recomendação para o supermercadista, do de pequeno ao de grande porte, na “leitura” do que dizem os jornais e economistas?

Mauricio Bendixen – Lembrar que não estamos isolados, fazemos parte do mundo e estamos sujeitos a crise sim, porém mesmo em cenários adversos nossas empresas tem crescido e muito pelo empreendedorismo, vontade e visão. Temos ganho espaço nas dificuldades dos outros, principalmente nas falhas estratégicas dos grandes. Existe sempre a nossa micro economia e a macro economia. Vamos fazer a nossa parte muito bem feito, cuidando de nossas vendas e nossa rentabilidade. Cenários de crise se sucedem e renovam ao longo dos anos, mas a boa gestão e o aproveitamento das oportunidades que surgem tem feito a diferença, vamos lembrar que nos momentos de crise que empresas vencedoras se destacam e crescem.

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A consolidação dos atacarejos

No último ranking divulgado tanto pela SuperHiper quanto pela SM, as duas mais prestigiadas revistas especializadas do setor, apresentam ou consolidam o crescimento do formato do chamado “atacarejo”, assim como um encolhimento das lojas de hipermercado.

Temos acompanhado já a algum tempo esta evolução, e a verdade é que este formato tem se mostrado uma forma vitoriosa que proporciona ticket médio alto, operação com custo mais baixo, menores perdas, já que trabalha com perecíveis em sua maioria já embalados em embalagens do próprio fornecedor e sem manipulação. Embora apresente sortimento limitado, consegue atender bem o seu público, seja ele o consumidor final ou o pequeno empresário. Aliás o consumidor final é a maioria dos clientes deste formato que definitivamente vem conquistando a cena do mercado e retirando venda dos outros formatos.

Ele atinge a todos os públicos sim, mesmo as classes A e B.

O Atacadão é o sucesso do Carrefour que reencontrou um caminho por este formato, o mesmo acontece com o Assaí do GPA, vários outros grupos tem investido com sucesso e sem arrependimento nestas lojas.

O segmento que menos perde para este tipo de loja ainda é o supermercado, que com seu apelo a conveniência, a praticidade, os serviços e o trabalho com os perecíveis, é menos atingido no negócio.

Vale porém uma atenção que as lojas de super que tem crescido tem mantido a preocupação com operação muito bem conduzida e superioridade em perecíveis.

Teremos pela frente então a necessidade de uma reinvenção do formato Hiper?

Fica uma pergunta para reflexão.

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Posicionamento: O lugar que ocupamos no coração e mente dos nossos clientes

O posicionamento de mercado deve ser uma escolha estratégica, ele é de certa forma a posição que sua marca ocupa no coração e mente dos consumidores. Ele portanto deve ser uma escolha estratégica, já que se encontram inúmeras falhas em empresas que tratam equivocadamente este importante aspecto.  Quando não tratamos de forma adequada, ou abrimos mão do uso estratégico do negócio, acabamos por não dar aos nossos clientes o que eles esperam ou acreditariam ter em nossas lojas. Junto com posicionamento, encontra-se a chamada proposta de valor, que nada mais é do que aquilo que prometemos entregar aos nossos clientes, ela só é verdadeira quando validada por eles. A proposta de valor deve ser reconhecidamente pelos clientes como aquilo que entregamos.

Algum tempo atrás conversando com um amigo supermercadista sobre um câncer cada vez mais difícil de administrar que são as filas nos caixas aos domingos, manifestei  uma certa indignação do motivo pelo qual éramos tão cobrados e alguns concorrentes com situações até mais críticas do que a nossa não possuíam a mesma intensidade de cobrança de seus consumidores. Ele respondeu de forma muito simples, nós prometemos bom atendimento e no domingo não entregamos. Simples assim, reconhecidamente dentro da proposta de valor daquela empresa, que vendia de forma implícita ou explicita o bom atendimento “dentro do pacote”, realmente não entregávamos no domingo parte da nossa promessa. O cliente nada tem a ver com apagão de mão de obra, falta de colaboradores neste dia ou qualquer outro pretexto que pudesse ser usado em defesa. Não entregamos e pronto.

Você pode ter posicionamento pela qualidade, pelo preço, pela especialização em determinada categoria, pelo atendimento, pela rapidez do serviço, enfim de diversas maneiras, porém o mais importante é que você entregue o que promete e se o que você entrega é valorizado pelo seu cliente.

Devemos ainda entender se o segmento de clientes que valoriza aquilo que estou entregando é rentável , possibilitando que o negócio seja sustentável.  Posso ser referência em venda de botões para roupa por exemplo e ter uma infinidade de modelos de botões diferentes, porém se não houver clientes que justifiquem esse negócio funcionando, de nada vai adiantar eu entregar o que prometi para os pouco clientes que eu angariar.

Existem ainda empresas que carecem completamente de um posicionamento, atirando para todos os lados, querendo ser bom em tudo e ao mesmo tempo não conseguindo ter público definido, ficando ao ritmos das ofertas onde conseguiu acertar o alvo.

Pense bem no tipo de posicionamento, ou a forma como você é visto pelos seus clientes. Não existe dissonância? Como posso usar isso na minha estratégia?

Boa semana.

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A Desoneração da folha: Tratamento desigual aos iguais?

Mais uma vez vemos o estado lançar mão de estímulos via renúncia fiscal para a indústria. A reclamação geral do setor, busca razão na pífia participação do PIB de 2011 e confirma o que já sabemos: Não conseguimos gerar exportações, não conseguimos ser competitivos, estamos cada vez mais exportando comodities agrícolas,  e restam serviços e consumo interno para movimentar nossa economia Bancos, no entanto, movidos pelas altas taxas de juros o cada vez mais democrático acesso a financiamentos, além das absurdas taxas de serviços, certamente não necessitariam de nenhuma desoneração e vão muito bem, obrigado.

A questão é que deve ser a quinta ou sexta intervenção estatal para estimular nossa produção industrial.

É muito mais grave a nossa doença, e é como se estivéssemos querendo curar um câncer, com band-aids.

Não somos competitivos porque temos uma carga tributária elevadíssima, fruto de uma quantidade enorme de impostos de todas as formas, nem sempre justos e distribuídos em cascata sobre a produção em todos os setores. Nosso estado é pesado, ineficiente e gasta mais do que ganha. Por isso precisamos manter essa arrecadação alta e ter juros bizarros para alimentar a voracidade da administração do estado.

Temos um custo trabalhista fora da qualquer realidade e que além de elevar os custos de mão de obra tirando nossa competitividade, reduz muito lentamente as desigualdade não conseguindo ser justo, demonstradas as necessidades de planos de saúde complementares, aposentadorias privadas e as enormes desigualdades entre benefícios previdenciários do setor público e privado.

Não fosse pouco,  temos um terceiro fator, a perversa corrupção enraizada em nossos poderes, consumindo bilhões em recursos, encarecendo  a administração, paralisando obras, e mostrando o pior num dos mais desonestos sistemas de gestão, que trás a tona escândalos, negociatas e frutos dos interesses pessoais e do toma-lá-dá-cá dos nossos governantes.

O governo então vem com benesses  para 15 setores, visando tornar a folha de pagamento mais barata, entre outras medidas para tentar melhorar a competitividade da nossa indústria no cenário internacional.

Uma das iniciativas é cobrar de 0,8% a 1,5% sobre o faturamento das empresas, na maioria industriais, – embora o turismo (hotéis) também esteja no pacote- ao invés dos 20% da contribuição patronal (INSS) hoje recolhidas da folha.

Só a indústria precisa? Não deveríamos num ambiente democrático ter uma igualdade de tratamento? Por que não resolver com uma reforma tributária bem feita e uma redução do custo do estado tornando o Brasil competitivo de verdade?

Como profissional do  segmento varejista, sinto que nossas empresas que geram muito mais empregos que o setor industrial e possuem faturamento com margens apertadíssimas poderiam vir a ser prejudicadas numa igual proposta, além de não receberem renúncias fiscais semelhantes.

Precisamos de um estado moderno, eficiente, impostos justos, juros baixos, um estado transparente, que não aceita, não tolera e pune todo tipo de corrupção.

O Brasil que merecemos, tem urgência de medidas definitivas, de cura definitiva, de igualdade e justiça para todos os segmentos  da sociedade e da economia, não só para aqueles que tem mais capacidade de gritar e se fazer ouvir pela sua capacidade de formar lobbies. Um país é para todos, ou não é para ninguém.

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Economia e o Brasil que queremos

Nos últimos dias recebemos algumas notícias econômicas que merecem no mínimo uma reflexão mais apurada. Vamos lá: Ultrapassamos os ingleses e somos a 6ª maior economia do mundo; na última quinta-feira a The Economist, revelou que nossa moeda, o real, é a 4ª moeda mais valorizada do mundo, frente ao dólar, através do conhecido índice Big Mac, comparando o custo do sanduíche que agrega matéria prima, embalagem, serviços e impostos nos diferentes países do mundo todo; finalmente hoje o FMI numa comparação feita entre 183 países, sendo 170 emergentes, nos coloca como o país emergente de maior custo de vida no mundo, chegando a ser mais caro viver no Brasil do que nos Estados Unidos.

Estas notícias que num primeiro momento poderiam inflar nosso ego, exceto pela última, revelam certo descompasso do qual sempre padecemos. Somos uma economia cada vez mais forte, com problemas crônicos de distribuição de renda e uso dos recursos disponíveis. Ter deixado os ingleses para trás, mas não ter hospitais, estradas, educação, segurança, não reflete em nada a imagem de um país rico. Mesmo o estado do Paraná, um dos mais ricos do país, convive com 18% da sua população em estado de pobreza.

Outra preocupação, o custo do serviço tem crescido no país. A construção civil tem puxado o trem de aumentos sucessivos da remuneração aos profissionais cada vez mais escassos. Hoje um pedreiro já está ganhando salários entre 2 a 3 mil reais, trabalhando de segunda a sexta, competindo com outros setores produtivos como o varejo ou a indústria. Isso poderia ser uma boa notícia, já que nos países mais desenvolvidos os serviços são caros e valorizados também. O problema decorre dos custos do trabalho, que no Brasil são muito maiores pelos encargos que dobram os valores dos salários. Em algum momento esta conta não vai fechar. Precisaremos pagar mais e repassar para os preços? Como a indústria vai competir com China e Índia? O governo vai abrir mão dos impostos? Os sindicatos vão permitir que se corte algo? Os direitos do trabalhador não são justos? Vamos virar um país dependente apenas do seu mercado interno, de custo de vida elevado e focado em serviços?

São muitas as perguntas a fazer, precisamos construir um país melhor, aquele que sonhamos mais justo, mais transparente, com igualdade de oportunidades para todos.

Boa semana.

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